A pergunta não é minha — veio da newsletter Rising, do Grupo Waffle, e ficou ressoando aqui dentro. Ela propõe um exercício: olhar com lupa aquelas frases que a gente carrega como verdades absolutas. Sabe aquelas ideias antigas que colamos na testa sem nem perceber? Pois é. Tem muita crença aí que a gente nunca parou para questionar.

Na Rising, eles falam de dois tipos de crença: as conscientes, que até conseguimos reconhecer e tentar mudar, e as inconscientes — essas que vivem no modo automático e muitas vezes comandam nossas escolhas sem que a gente perceba.

E aí pensei na Grão Pasta.
No começo, nas primeiras feiras, meu impulso era me esconder atrás da bancada. Me sentia incapaz de vender, repetindo uma dessas frases prontas: “eu não sei vender nada.”
Hoje, quando o cliente se aproxima, entro naturalmente no modo “explicadora oficial de massas artesanais” e é gostoso contar sobre nossos recheios, sobre o cuidado em cada etapa, sobre a escolha dos ingredientes. O que antes me paralisava, agora me movimenta.

Outra frase pronta que me acompanha desde sempre veio da minha mãe: “mulher precisa ter sua atividade profissional.”
Na época em que meus filhos eram pequenos, confesso que lutei contra essa ideia. Queria estar totalmente presente para eles, não queria concordar com a necessidade de me dividir. Hoje, entendo que não se trata de concordar ou não com frases feitas, mas de encontrar sentido no que se vive.
E o que eu vivo hoje faz todo o sentido pra mim. Amo o que faço. Venho feliz para a fábrica. Gosto da rotina, dos desafios, do cheirinho de ervas frescas e do limão siciliano logo cedo, da conversa na cozinha e da correria da véspera de feira.

Se é frase pronta ou não, já nem sei. Mas que trabalhar me edifica, ah, isso edifica sim. 😄

— Marilis & Monica
Os blogs são escritos por mim (Monica), mas a Mari me deu carta branca — desde que eu não abuse, rs. E como a gente se entende na base da telepatia, ela confia que tá tudo alinhado.